Sanders
vence Hillary e mostra força em New Hampshire
Haroldo Ceravolo Sereza | São Paulo - 10/02/2016 - 00h56
Entre os republicanos, Donald Trump ficou em primeiro lugar, à frente de
Kasich e Ted Cruz
O pré-candidato democrata Bernie
Sanders venceu Hillary Clinton nas eleições primárias de New Hampshire
realizadas nesta terça-feira (09/02). Sanders tinha 60% dos votos, contra 38,4%
de Hillary, com 89% dos votos apurados, por volta de 08h20 desta quarta-feira
(10/02).
Agência
Efe
"Nossa mensagem ecoará de Washington a Wall Street', disse Sanders após
vitória
Um total de 24 delegados é eleito
em New Hampshire para o congresso que escolherá o candidato democrata à
sucessão de Barak Obama. Com o resultado, Sanders obtém 13 delegados,
contra 9 da oponente. Na contagem nacional, Hillary tem 394 delegados,
contra 42 do socialista. Isso porque a prévia democrata prevê a participação
dos chamados "super delegados" que são figuras destacadas dentro do
partido e manifestam apoio aos candidatos.
Hillary reconheceu a vitória de
Sanders no Twitter e agradeceu aos eleitores e voluntários:
O resultado obtido por Sanders
indica a viabilidade do autodeclarado socialista. Em Iowa, Sanders e Hillary
praticamente empataram, a diferença foi de apenas 0,2%.
A corrida eleitoral
norte-americana, no entanto, está apenas começando. Com essa vitória, que já
era esperada, Sanders mostrou que sua forte popularidade à esquerda dos
democratas, especialmente entre os jovens e trabalhadores.
Em discurso após a derrota,
Hillary procurou demonstrar otimismo. Tratou da questão racial, dos direitos
das minorias e registrou que a maior parte de seus doadores aportaram menos de
cem dólares para sua campanha, "ao contrario do que apontam as
narrativas" sobre sua candidatura.
Após a fala de Hillary, foi a vez
de Sanders discursar. Aos 74 anos, ele foi ovacionado pelos seus eleitores.
"Obrigado, New Hampshire", começou, e em seguida fez questão de citar
a ligação de Hillary com Wall Street e elogiou a campanha de sua adversária.
Segundo Sanders, o resultado de
New Hampshire e seu crescimento dão um forte recado a Wall Street: que o
governo do país pertence aos norte-americanos. "O que aconteceu aqui em
New Hampshire em termos de entusiasmo", disse, "acontecerá em todos
os Estados Unidos". Ele também afirmou que o resultado mostra que os
norte-americanos não aceitam mais um sistema de financiamento eleitoral
corrupto, dirigido pelos 1% mais ricos do país. "Não podemos continuar com
um país em que Wall Street e os bilionários podem comprar as eleições",
afirmou.
Sanders fez também um apelo pela
união dos democratas em novembro, porque "os republicanos não podem
vencer". Ele também lembrou que a política econômica dos republicanos
levou o país a uma das maiores crises econômicas da história.
No campo educacional, Sanders
prometeu universidades gratuitas criando um imposto sobre o mercado financeiro
e disse ser um absurdo que, nos Estados Unidos, pessoas sejam presas por não
pagarem dívidas contraídas para bancar o curso superior. "Vamos dar
educação e não prisões para nosso povo". "As pessoas querem mudanças
de verdade", disse. Sanders também lembrou as 3,7 milhões de contribuições
individuais que sua campanha recebeu. "A doação média foi de 27
dólares", registrou.
Prévia republicana
Entre os republicanos, Donald
Trump foi o grande vencedor em New Hampshire. Com 89% dos votos apurados, ele
tinha 35,1% dos votos, contra 15,9% de John Kasich e 11,6% de Ted Cruz, que foi
o vencedor das prévias em Iowa. Assim, Trump obteve 10 delegados, contra
2 de Cruz e 3 de Kasich.
No cômputo nacional, Trump está
em primeiro lugar com 17 delegados, seguido por Cruz, com 10, Marco Rubio
com 7 e Kasich com 4.
Durante seu discurso de vitória,
Trump prometeu que acabará com a "epidemia" de heroína e toxicomania
que sofre New Hampshire e o resto do país, e cuja raiz vinculou com a imigração
e o tráfico de drogas que entram nos EUA pela fronteira sul.
O republicano também falou em
acabar e substituir a reforma da saúde promulgada pelo presidente Barack Obama,
conhecida como "Obamacare". Entre as questões controvérsas de seu
discurso, Trump defendeu a "proteção da sagrada segunda emenda" da
Constituição norte-americana, que dá o direito ao porte de armas, e deu como
exemplo o caso da França, que "apesar de ser um dos países com as leis mais
duras sobre o controle de armas", não pôde evitar que entrassem
"esses animais", em referência aos jihadistas que cometeram o
atentados em Paris no ano passado.
Delegados
Durante as chamadas primárias, os
partidos Republicano e Democrata devem conseguir os números de delegados
necessários para garantir a indicação de sua legenda à candidatura à
presidência para as eleições de 8 de novembro.
De fevereiro e até meados de
junho, um total de 35 jurisdições (estados e territórios) realizarão primárias
propriamente ditas, outras 13 promoverão o chamado sistema de caucus, e oito
usarão procedimentos mistos.
Em todas essas votações, os
candidatos presidenciais tentam conseguir o maior número possível de delegados
que depois comparecerão às convenções dos partidos, que neste ano estão
marcadas para julho - primeiro a republicana, na cidade de Cleveland (Ohio), e
depois a democrata, na Filadélfia (Pensilvânia).
Segundo os dados fornecidos pelo
DNC (Comitê Nacional Democrata), espera-se que haja um total de 4.764 delegados
na convenção deste ano. Deste total, os dois aspirantes à indicação, Hillary
Clinton e Bernie Sanders devem ganhar o apoio de pelo menos 2.383 (50% mais um)
para garantir a vitória.
Pelo lado dos republicanos, onde
há 12 pré-candidatos, com Donald Trump à frente das pesquisas, ganhará a
indicação quem obtiver os votos de pelo menos 1.237 delegados, 50% mais um dos
2.472 que votarão na convenção, de acordo com o RNC (Comitê Nacional
Republicano).
A próxima votação ocorrerá no dia
20 de fevereiro, quando será realizado o caucus Democrático em Nevada e a
primária republicana na Carolina do Sul.
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