Estação
Antártica Comandante Ferraz será reinaugurada em 2020
A base brasileira foi parcialmente destruída por um
incêndio em 2012
Publicado
em 07/11/2019 - 17:07
Por Mauricio
de Almeida - Repórter da TV Brasil * Antártica
Uma praia brasileira banhada por
um mar de gelo. Pode parecer estranho, mas ela existe na ilha de Rei George na
Antártica. O local onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz, base
brasileira de pesquisa no continente gelado, é considerado território nacional.
As novas instalações da base vão ser inauguradas em janeiro de 2020. O governo
federal investiu cerca de US$100 milhões na construção da unidade que recebeu
os equipamentos mais modernos do mundo e foi ampliada. O Capitão de Fragata
Luiz Filho, chefe da estação, diz que “é uma honra ter esta estação sendo
construída em nosso território e certamente ela vai servir de modelo para
outros países”.
Ocupando uma área de 4.500 metros
quadrados ela poderá hospedar 64 pessoas. A nova estação vai ser mais moderna e
maior do que anterior. Antigamente existiam cinco laboratórios e depois da
reinauguração o número vai passar para 17. Cientistas da Fiocruz vão ter um
laboratório exclusivo de microbiologia para pesquisar fungos que só existem na
Antártica. A Agência Internacional de Energia Atômica também já confirmou que
vai desenvolver projetos no local. A estação também está adaptada para receber
pesquisadores das áreas de oceanografia, glaciologia e meteorologia.
Missão brasileira na Antártica - Mauricio de Almeida - TV Brasil
Faltando quase dois meses para a
reinauguração, uma equipe da Marinha, que coordena a obra, visitou a estação de
pesquisa para fazer os ajustes finais. A vistoria foi coordenada pelo
contra-almirante Sérgio Guida, gerente do Programa Antártico Brasileiro. Ele
percorreu toda a unidade e ficou satisfeito com o que encontrou. “A obra está
dentro do cronograma e certamente ficará pronta na data prevista”, revelou.
O projeto arquitetônico da
estação impressiona no meio do gelo da Antártica. Algumas medidas foram tomadas
para adaptar a base as condições climáticas do local. Para ficar acima da densa
camada de neve, que se forma no inverno, o prédio recebeu uma estrutura
elevada. Os pilares de sustentação pesam até 70 toneladas e deixam o centro de
pesquisa a mais de três metros do solo.
A estação também oferece
conforto. Os quartos com duas camas e banheiros lembram acomodações de um
hotel. Eles vão abrigar pesquisadores e militares. A estação também tem uma
sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório
para emergências.
Estação
Comandante Ferraz na Antártica - Mauricio de Almeida - TV Brasil
Uma das maiores preocupações é
com a segurança, por isso, entre todas as unidades da base foram instaladas
portas corta fogo e também foram colocados sensores de fumaça e alarmes de
incêndio. Nas salas onde ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de
um material ultrarresistente. No caso de um incêndio elas conseguem suportar o
fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros locais.
Esse tempo possibilita acionar o esquadrão anti-incêndio e retirar as pessoas
da estação em segurança.
A nova base Comandante Ferraz também
foi construída com objetivo de reduzir ao máximo a agressão ao meio ambiente e
por isso 30% da energia consumida no centro de pesquisa vem de fontes
renováveis produzidas no local. Atrás da estação fica uma usina eólica que
aproveita os fortes ventos antárticos. Placas para captar energia solar também
foram instaladas na base e vão gerar energia principalmente no verão quando o
sol na Antártica brilha mais de 20 horas por dia. Outro detalhe é que o calor
produzido pelos geradores de energia ao invés de ser lançado para o ar é
canalizado para aquecer a usina. Esta técnica elimina a utilização de diesel
para alimentar o sistema de climatização. A novidade foi elogiada pelo
contra-almirante Sérgio Guida: “A Antártica é um patrimônio da humanidade que
precisa ser preservado, e o Brasil está dando uma lição de sustentabilidade
para o mundo”.
Estação Comandante Ferraz na Antártica - Mauricio de Almeida - TV
Brasil
O projeto de reconstrução da
estação começou a ser executado em 2017. A empresa responsável pela obra é a
China Electronics Import and Export Corporation que precisou dividir o trabalho
em três etapas porque só é possível fazer qualquer tipo de serviço externo na
Antártica durante o verão. Entre abril e outubro, os fortes ventos, as nevascas
constates e a temperatura (que pode chegar a 40 graus negativos) inviabilizam
qualquer tipo de atividade. Para driblar o problema, os chineses adotaram a
seguinte estratégia: construir os módulos na China no inverno e transportar e
instalar na Antártica nos verões de 2017, 2018 e 2019.
Antes da reinauguração da estação
de pesquisa, a Base Comandante Ferraz já ganhou um novo sistema de comunicação.
A empresa Oi instalou antenas para facilitar a transmissão de dados. Os
equipamentos permitem conexão direta com internet, chamadas de vídeo e a
realização de videoconferências.
* O repórter
viajou a convite da Marinha do Brasil
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Edição: Liliane
Farias
Tags: Antártica
Programa Antártico Brasileiro meio ambiente Estação Antártica Comandante Ferraz multimídia
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