Crise da Renamo é uma oportunidade para reescrever o Acordo Geral de Paz, dizem políticos
Ossufo Momade, presidente da Renamo
Alguns políticos moçambicanos
defendem que se deve aproveitar a situação que se vive na base central da
Renamo, na Gorongosa, para reescrever o Acordo Geral de Paz, porque desarmar os
guerrilheiros a qualquer preço pode colocar em causa os esforços para a
pacificação e democratização do país.
, no
contexto do desarmamento acordado com o governo, enquanto o processo for
dirigido por Ossufo Momade, Presidente da Renamo.
Esta contestação, na opinião do
político Eduardo Sebastião, do Partido para o Desenvolvimento de Moçambique,
resulta do facto de Ossufo Momade "não ser uma figura de confiança dos
generais que sempre estiveram com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
na serra da Gorongosa, e que são aqueles que podem colocar em causa a paz em
Moçambique".
Sebastião destacou que "Afonso
Dhlakama disse a esses guerrilheiros que seriam desmobilizados e integrados na
sociedade, mas, neste momento, esses homens questionam a forma como esse
processo está a ser conduzido por Ossufo Momade, e alguns até o acusam de ter
sido "comprado" pela Frelimo, para prejudicá-los".
"A situação na Renamo é
séria"
"São homens que, na sua óptica,
lutaram vários anos pela democracia, mas que não têm nenhum benefício e muitos
deles já estão na idade da reforma. Eu penso que esta questão deve ser tratada
com muito cuidado", afirmou ainda aquele político, para quem, "a
situação na Renamo é séria".
Um tratamento ponderado e cuidadoso
desta questão do desarmento é defendido também pelo político Raúl Domingos,
antigo quadro sénior da Renamo, sublinhando que isso é que vai garantir uma paz
efectiva e duradoira no país.
"Não vamos correr para depois
termos um processo mal-acabado", defendeu Raúl Domingos, afirmando, no
entanto, ser necessário compreender a origem do conflito dentro da Renamo,
"porque Ossufo Momade foi eleito em congresso, pelo que ele é o legítimo
presidente da Renamo".
Para Raúl Domingos, uma das coisas de
que Ossufo Momade é acusado, é de ter preso e morto alguns oficiais superiores
da Renamo, sublinhando que, a ser verdade, esse é problema não apenas da Renamo
mas também da sociedade em geral.
Por
seu turno, Yaqub Sibindy, do Partido Independente de Moçambique-PIMO, afirma
que os moçambicanos devem aproveitar os acontecimentos na Gorongosa para uma
reflexão profunda sobre o processo de paz.
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