Balé folclórico da Bahia: Ode à cultura africana
Publicado há 6 dias - em 18 de dezembro de 2015 »
Atualizado às 11:21
Categoria » Patrimônio Cultural
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A abundância de cores do Maracatu. (Foto – Marisa Viana, Divulgação
site institucional Balé Folclórico da Bahia)
O Balé folclórico da Bahia, que nasceu em Salvador em 1988,
idealizado pelos diretores Walson Botelho e Ninho Reis, apresenta uma proposta
que mistura balé cênico com dança afro contemporânea. Em seus 25 de existência
coleciona apresentações em festivais de teatro nacionais e internacionais,
sendo reconhecido como uma das maiores companhias de dança afro-brasileira do
país. Mais de duas décadas depois, o Balé já exibiu sua arte para públicos das
regiões mais diversas do Brasil, além de ter sido destaque de importantes
festivais internacionais, como a Bienal de Dança de Lyon, que em 1994 abriu
espaço para a concorrida agenda internacional do grupo.
Apenas a riqueza
cultural e as variações do repertório já justificam a necessidade de presenciar
os espetáculos da companhia, que se caracteriza por tomar o palco com temas
inspirados na capoeira, frevo e em religiões de origem africana. Uma das
encenações mais interessantes é a de Homem Peixe, que representa a tradição
afro e seus símbolos religiosos, dentre eles o Candomblé. Rica em detalhes, a
montagem transporta o público para uma dança lúdica da rainha das águas
Iemanjá, que oferta aos pescadores abundância no trabalho no mar.
A companhia
representa de maneira única os elementos que contribuem para formação da
identidade cultural brasileira. (Foto – Marisa / site institucional Balé
Folclórico da Bahia)
Não menos
importante é a exibição de Fêmea, que com coreografia de Rosângela Silvestre –
bacharel em dança e pós-graduada em coreografia pela Universidade Federal da
Bahia, e música de José Ricardo Sousa, impressiona pela interpretação da força
da mulher negra em sua rotina de vida na África até serem trazidas para o
Brasil como escravas. Com estética fiel ao momento histórico, a trama mantém em
seus adereços as texturas de pele de animais, costumes e características dos
rituais tradicionais africanos de então.
Funcionando em um
regime de seis horas de trabalho por dia e com 38 integrantes entre dançarinos,
músicos e cantores, o Balé Folclórico da Bahia acaba de ser homenageado por
dois países pela sua importante contribuição ao cenário mundial da dança. No
Togo, a companhia se tornou nome de rua em Anéhio, cidade situada no sudeste do
país, próxima a fronteira com o Benim. Já nos Estados Unidos, a prefeitura de
Atlanta declarou o dia primeiro de novembro como o Dia do Balé Folclórico da
Bahia, acoplando-o ao calendário oficial da cidade. De acordo com o diretor do
grupo, José Carlos Narandiba, o segredo do sucesso internacional é simplesmente
o reflexo de anos de esforços e resistência para manter as raízes africanas em
evidência.
O xaxado e toda a
sua história contada a partir do olhar do Balé Folclórico da Bahia. (Foto –
Marisa Viana / Divulgação site institucional Balé Folclórico da Bahia)
Homofobia na arte e entre as minorias
Infelizmente, a
companhia não coleciona apenas alegrias em sua trajetória, no dia 17 de março o
grupo sofreu a perda de um de seus trinta oito integrantes, o bailarino
Reinaldo Pepe dos Santos, que foi brutalmente assassinado em seu apartamento em
Salvador.
A policia vem
tratando o caso como crime de latrocínio, no entanto segundo o presidente do
Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Mott, este é o oitavo caso de assassinato de
homossexuais no estado somente em 2015. O ativismo gay luta para que o crime
seja caracterizado como crime homofóbico na tentativa de proteger as minorias
na Bahia.
Corte de Oxalá –
Exu. (Foto Phillip Martin / Divulgação site institucional Balé Folclórico
da Bahia)
Após o episódio, o
grupo folclórico da Bahia assumiu a decisão de manter suas apresentações em
Salvador mesmo tendo oportunidade de apresentar-se em qualquer local do mundo,
um grande exemplo e símbolo de representatividade e resistência da negritude na
arte.
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