Países doam bilhões para financiar vacina contra coronavírus
Os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel
Lideradas pela UE, nações e entidades lançam
iniciativa
internacional para financiar pesquisas voltadas à imunização e tratamento
da covid-19. Comissão Europeia doa 1 bilhão de euros. EUA não participam dos
esforços.
Líderes
internacionais anunciaram contribuições milionárias durante um evento
internacional nesta segunda-feira (04/05) para arrecadar fundos para o desenvolvimento
de vacinas e tratamentos contra a covid-19. A iniciativa realizada em uma
conferência online com a participação de várias lideranças internacionais tem
como objetivo arrecadar 7,5 bilhões de euros.
O
evento, liderado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen,
visa reunir recursos de governos e organizações filantrópicas em todo o mundo
para desenvolver a imunização e disponibilizar os tratamentos de modo universal
e a preços acessíveis.
Os
organizadores da iniciativa, que incluem, além da União Europeia (UE), Reino
Unido, Noruega, Canadá, Japão e Arábia Saudita, têm como objetivo arrecadar
recursos durante as próximas semanas ou meses, com o apoio do Banco Mundial e
da Fundação Bill e Melinda Gates e doadores privados.
A
Comissão Europeia deu início ao evento prometendo doar 1 bilhão de euros para a
iniciativa. Em seguida, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler
federal da Alemanha,
Angela Merkel, anunciaram doações no valor de 500 milhões e 525 milhões de
euros, respectivamente, e a Itália, outros 140 milhões.
A
Arábia Saudita se comprometeu a doar 500 milhões de dólares. O Canadá anunciou
a doação de 850 milhões de dólares, enquanto o Reino Unido (482 milhões de
dólares), África do Sul (1,3 milhão) e Israel (16 milhões) também anunciaram
contribuições.
Segundo
Von der Leyen, as doações já somam 7,4 bilhões de euros. Entretanto, não
foi esclarecido quanto dos valores arrecadados nesta segunda-feira podem
ser considerados como novos financiamentos e quanto seria de contribuições
habituais dos países.
"Acredito
que o dia 4 de maio ficará marcado como um momento de uma virada em nossa luta
contra o coronavírus, porque, hoje, o mundo está se unindo", disse a chefe
da Comissão Europeia. Ela ressaltou que a doação de Bruxelas é um
"esforço da equipe Europa", o que significa que inclui contribuições
de Estados-membros da UE.
O
presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que "o alcance de
nossa reação deve igualar o alcance da crise. Estes são dias obscuros, mas que
também revelam nossa humanidade".
Uma
carta a ser assinada pelos líderes dos países que integram a iniciativa
reafirma o apoio à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Fundação Bill e
Melinda Gates. O documento explica que os recursos serão inicialmente
destinados a organizações internacionais de saúde e de pesquisa, e visam
"dar início a uma cooperação global sem precedentes entre cientistas e
reguladores, indústria e governos, organizações e fundações profissionais de
saúde internacionais".
Segundo
a carta, mesmo que o alvo da arrecadação de fundos seja atingido, ainda mais
recursos serão necessários para fazer com que a vacina esteja "disponível,
acessível e viável para todos". "Se conseguirmos desenvolver uma
vacina que seja produzida para todo o mundo, este será um bem público global
singular para o século 21", afirma o documento.
O
Global Preparedness Monitoring Board, uma organização apoiada pela ONU que
monitora crises de saúde, estima que serão necessários ao menos 3 bilhões de
dólares para desenvolver, produzir e distribuir uma vacina contra a covid-19.
Segundo
as estimativas, 2,5 bilhões de dólares devem ser destinados ao desenvolvimento
de tratamentos antivirais eficazes contra a doença, além de 750 milhões para
kits de testes, e outros 750 milhões para abastecer os estoques de
equipamentos de proteção essenciais, como as máscaras.
Por fim
os 1,25 bilhão de dólares restantes previstos no financiamento inicial da
iniciativa deverão ser entregues à OMS, para serem utilizados nos países mais
vulneráveis.
O papa
Francisco expressou apoio à conferência dos doadores e pediu que ainda mais
doações sejam feitas para o desenvolvimento de tratamentos. "Quero apoiar
e encorajar a colaboração internacional que ocorre através de várias
iniciativas para dar uma resposta adequada e eficiente à grave crise que
vivenciamos", afirmou.
No
sábado, Merkel já havia feito um apelo por maior colaboração
internacional no desenvolvimento de uma vacina e na garantia de que ela
seja disponibilizada a todas as pessoas. "Somente através de ações
conjuntas, internacionais e multilaterais podemos superar essa
pandemia", defendeu a chefe de governo alemã.
Os
Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia de covid-19, não tomaram
parte na iniciativa. Recentemente, o presidente americano, Donald Trump,
anunciou a suspensão do apoio financeiro de seu país à OMS, criticando o modo
como a entidade lidou com a crise gerada pela doença.
A
primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, lamentou a ausência dos EUA.
"É uma pena que os Estados Unidos não sejam parte disso. Quando se está em
uma crise, deve-se lidar com ela, o que se faz em conjunto", afirmou.
"Todos,
certamente, vão avaliar seus trabalhos e, em certa altura, ver se poderiam
tê-lo feito de modo diferente", observou a norueguesa. "Mas isso se
faz posteriormente, e não em meio à crise."
A
Noruega doou 1 bilhão de dólares à Aliança Global por Vacinas e
Imunizações (Gavi, na sigla em inglês), um fundo financiado pelo país que se
dedica a projetos desse tipo desde sua fundação, no ano 2000. O país
também anunciou uma doação adicional de 4,8 milhões de dólares à OMS, além
de sua contribuição habitual ao financiamento da entidade.
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